
Diálogo e informação, base para um desenvolvimento sexual saudável
Falar com filhos e filhas sobre sexo e sexualidade não estimula o sexo prematuro. Pelo contrário: a educação sexual ajuda no desenvolvimento sexual saudável de adolescentes
Ela se apresenta de maneira diferente para meninos e meninas, mas, para a maioria dos pais e mães, a chegada da puberdade vem igualmente cercada de algumas dúvidas e uma certa insegurança. Será que devo puxar uma conversa a respeito de sexo com minha filha ou espero que ela me pergunte alguma coisa? Se eu começar a falar sobre sexo com meu filho, estou estimulando uma prática sexual precoce? Essas e outras dúvidas refletem a apreensão e a dificuldade de muitos pais em lidar com o assunto.
Seja por meio da internet, televisão ou entre amigos e amigas, o fato é que adolescentes têm cada vez mais acesso a conteúdos sobre sexualidade e sexo e, independentemente da vontade da família, irão procurar informações que satisfaçam as próprias dúvidas e curiosidades. Portanto, o ideal é que mães e pais sejam a primeira fonte confiável a quem filhos e filhas recorram. Para isso, é necessário que estejam preparados para responder perguntas e tratem o tema com naturalidade.
A tarefa não é fácil. Dialogar com adolescentes exige habilidade e paciência, afinal, nesta fase da vida, eles e elas se fecham e deixam de compartilhar com os pais e as mães as experiências do dia a dia. Já não falam espontaneamente sobre o que aconteceu na escola ou quem são os novos amigos e amigas, por exemplo. Por isso, é muito importante que mães e pais busquem, desde a primeira infância, estabelecer uma relação de confiança com seus filhos, inclusive sobre a questão da sexualidade.
É claro que não existe um momento exato para familiarizar a criança com o assunto da sexualidade, cada um tem seu tempo. Mas sabe quando a criança de 3 ou 4 anos pergunta de onde ela veio, como um bebê é feito ou porque o corpo dela é diferente do corpo de um adulto? Eis aí uma oportunidade para acostumar a criança ao tema, sem que ela sinta que esteja falando de algo errado, sujo ou feio. Usar os nomes próprios dos órgãos genitais é um importante começo, pois do mesmo modo que é ensinado que o nome da cabeça é cabeça e que o do braço é braço, também pode-se ensinar o que é pênis ou vagina. Não é uma sugestão para que se introduza no universo da criança mais do que ela possa compreender; é uma maneira de habituar os filhos aos termos adequados, o que pode facilitar o diálogo a respeito de sexo quando for chegada a hora.
Por mais que alguns pais queiram retardar o momento de falar sobre sexo, é essencial transmitir aos jovens informações relativas a proteção, cuidado, higiene e intimidade. Explicar que o sexo é um ato humano e comum, que só deverá acontecer quando se sentirem preparados e preparadas, com a pessoa em quem confiem, de maneira segura e se prevenindo desde a primeira transa. Esclarecer que o corpo pertence a elas e a eles, e, portanto, suas vontades devem ser respeitadas e deve-se respeitar as vontades do parceiro ou parceira.
E tão importante quanto falar de sexo, é explicar sobre métodos contraceptivos, preservativos e relacionamentos abusivos. É se colocar como porto seguro para os filhos contarem se alguém cometeu algum tipo de violência contra eles. Sem uma comunicação honesta e respeitosa com seus filhos e filhas, eles não se sentirão seguros em falar com vocês quando estiverem passando por uma situação de abuso e violência. É por meio da informação que se pode colaborar para que adolescentes fiquem menos vulneráveis às gravidezes não planejadas, infecções sexualmente transmissíveis e violências sexuais, por exemplo.
Conversar sobre sexo e sexualidade não leva meninos e meninas à prática sexual. Uma vez que sintam que chegou o momento da primeira relação, elas e eles vão fazê-la, independente da vontade do pai ou da mãe. Deste modo, se estiverem bem informados e orientados, iniciarão a vida sexual de maneira saudável.
Dialogue com seus filhos e filhas. Vá além das suas próprias experiências. Leia. Informe-se.
Você não está sozinha.