Assédio: saiba o que é, como identificar e o que fazer

Muitas vezes, ficamos confusas e nos sentimos culpadas. Mas é importante saber reconhecer o assédio e entender que a culpa nunca é da vítima 

Historicamente nós mulheres somos educadas desde pequenas a acatar ordens e a sempre dizer “sim”. Com isso, muitas situações incômodas acabaram ficando naturalizadas e temos dificuldade em nos posicionar. Mas precisamos mudar isso e levar muito a sério tudo o que nos incomoda. Comentários chatos, paqueras indesejadas na rua, aproximação, toque ou beijo forçado, tudo isso é assédio!

“O problema é que é bem comum meninas e mulheres sofrerem assédio e nem conseguirem identificar o que viveram, justamente por não nos acharmos no direito de se sentir incomodadas com aquela situação”, explica a advogada Mariana Serrano, da Rede Feminista de Juristas (deFEMde).

Ela lembra que acontece também de nos sentirmos culpada, tendo pensamentos como: “Eu não deveria estar ali”, “Não era pra usar aquela roupa”, “Eu devia ter recusado o convite”. Mas é essencial saber: se algo foi feito sem sua permissão, a culpa nunca é sua! 

Precisamos dar atenção ao incômodo que sentimos e, mais importante ainda, saber reconhecer o assédio e o que fazer quando acontece com a gente ou com alguma amiga nossa. 

O que é assédio?

Você conhece a origem da palavra assédio? Ela vem de operações militares onde o plano era cercar um território para dominar o lugar e as pessoas. Uma tática de cercar para reprimir e exercer poder. 

Não é à toa que essa palavra é usada para definir as situações em que nos sentimos cercadas, provocando medo e insegurança. O assédio pode acontecer de muitas formas: com palavras, olhares, contatos físicos e até pela internet! Em todas essas formas, ele viola a liberdade e acaba afetando nossa autoestima.

O problema é que, exatamente por poder acontecer de tantas formas diferentes, pode ser difícil identificar o assédio. Mas isso é muito importante para poder buscar ajuda e até denunciar o assediador. 

Se você está na dúvida se algo que viveu foi ou não assédio, a imagem abaixo ajuda a entender.

Assédio não é elogio

Seja em casa, no trabalho, escola, faculdade, na rua, no transporte público ou na internet, o assédio sexual insiste em marcar presença. Infelizmente, da infância e adolescência à vida adulta, as mulheres são perseguidas pelo fiu-fiu e por comportamentos abusivos e constrangedores o tempo todo. É preciso estar atenta mana, isso é violência. É assédio. 

As mulheres mais jovens são as que mais sofrem assédio. Das manas com idade entre 16 e 24 anos, 66,1% afirmaram já terem sofrido algum tipo de situação indesejada de característica sexual em 2019. Esses dados são da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil” do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Instituto Datafolha.

É nítida a diferença entre elogio e assédio. “Se uma pessoa está andando na rua e ouve um assovio ou um “ô, gostosa!”,  isso não é elogio” diz Keka Bagno, feminista negra, assistente social e mestra em políticas públicas pela Universidade de Brasília (UnB). Keka, que atua no enfrentamento à violência sexual contra crianças, adolescentes e mulheres, conta que é fundamental analisar toda e qualquer situação de incômodo.  Ela orienta  algumas perguntas a serem feitas para diferenciar assédio de elogio. É preciso sempre refletir:

  • Esse elogio foi prazeroso?
  • Qual é o tom do elogio que você está recebendo?
  • É sempre no sentido sexual?
  • Qual sentimento causou?
  • É de fato um elogio? 
  • Você se sentiu assediada?

Segundo Keka, se o que você ouviu consegue enaltecer de outras formas, não te agredindo e não falando só do seu corpo, talvez a fala possa ser realmente um elogio, mas é preciso estar ligada. Só quem pode dizer o que é ou não elogio é a mulher que recebeu o comentário, diz a assistente social. 

 “Os homens acreditam que é um direito deles avaliar as mulheres física e moralmente”, complementa Valeska Maria Zanello, professora e especialista sobre assédio contra as mulheres pela Universidade de Brasília (UnB). “A lógica que é problemática. A gente vê a evidência disso quando o elogio inverso não acontece. E não quer dizer que as mulheres não julgam, não pensem, não desejem”, explica a professora. “Saber quando se tem uma abertura e o mínimo de intimidade para um elogio são pontos importantes, mas os homens não pensam nisso”, diz. 

Sinais de assédio O assédio sexual não está somente na forma física, mas também na forma verbal e pode causar danos psicológicos. Conforme explicou Keka Bagno, se traz o sentimento de vergonha e culpa sobre seu próprio corpo, é sinal que o assédio  está acontecendo.  Ela também explicou como identificar o assédio:
  • Tudo que desrespeita seu corpo ou a sua moral;
  • Falas ou comportamentos que sexualizem seu corpo por alguém que você não conheça (ou mesmo que conheça, mas que venha de maneira invasiva);
  • Tudo que causa incômodo. Que Faz você se sentir invadida.

Manas negras são mais assediadas 

É importante também falar sobre quais são as mulheres que mais são assediadas. 

Valeska Zanello e Keka Bagno afirmam que as manas negras são historicamente tratadas como objetos sexuais. Além do machismo, o racismo também se apresenta forte na estrutura desse conjunto de violências contra a mulher. 

A pesquisa Visível e Invisível, sobre violência de gênero, observou que as mulheres que se autodeclararam pretas afirmaram ter sofrido mais assédio (40,5%) em comparação com as mulheres brancas (34,9%). Essa diferença é um pouco menor em relação ao que foi reportado na pesquisa de 2017, quando essa proporção foi de 47,5% contra 34,9%, respectivamente, mas ainda assim mostrando para maior vulnerabilidade das mulheres negras aos eventos de assédio.

Garotas, é muito importante estarem atentas contra qualquer tentativa de perseguição, insistência,  sugestão ou pretensão que desrespeite o seu corpo ou o de outra pessoa. O assédio sexual não é paquera, muito menos elogio.

O que fazer em uma situação de assédio?
  • Ouvir e entender a vítima, escuta ativa sem nenhuma lógica de culpá-la;
  • Não achar que é “mimimi”;
  • Procurar serviços públicos que possam atender a vítima da melhor maneira possível (centros de atendimento a mulheres, delegacias, Polícia Militar, Centro de assistência social e centros de saúde que também tem políticas de atendimento para as mulheres)
  • Sempre denúnciar quando você for violentada: Ligue 180 ou Disque 100, caso precise de uma intervenção no momento que acontecer, ligue para a Polícia Militar no número 190.

Perigo em casa: violência contra mulheres pode crescer durante pandemia da Covid-19

Nossas casas deveriam ser os lugares mais seguro neste período de isolamento social contra a Covid-19, não é mesmo? Mas não é o que acontece quando a violência também pode estar confinada no mesmo lugar em que a gente mora. O crescimento das denúncias de violência doméstica contra meninas e mulheres no Brasil durante a pandemia preocupa e mais uma vez chama atenção para cuidarmos desse assunto com mais seriedade e atenção.

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) informou que aumentou em 9% no número de ligações para a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, o Ligue 180. “A média diária entre os dias 1 e 16 de março foi de 3.045 ligações recebidas e 829 denúncias registradas, contra 3.303 ligações recebidas e 978 denúncias registradas entre 17 e 25 em março”, afirmou a ouvidoria do MMFDH. Isso significa mais agressões e resulta em maior risco de feminicídios.

O desgaste na convivência, muitas vezes somado pelo estresse, junto com toda estrutura do machismo, influencia no aumento da violência, afirma Bruna Pereira, doutora em sociologia e especialista em gênero e raça. “Como as relações de gênero são desiguais, há uma tendência de agressão de homens contra as mulheres, mas nenhuma situação de violência pode ser legitimada por isso”, afirma a especialista. 

Natália Maria, antropóloga, pesquisadora e ativista em temas de saúde, direitos, bioética e acessibilidade explica que em uma sociedade com grandes exclusão sociais, as casas são marcadas por várias faltas sociais profundas. “Na lógica de confinamento, sabendo que muitas pessoas não entram nela, infelizmente teremos lares que são marcados pela desigualdade e violência de gênero”. 

CENÁRIO PERIGOSO

Os impactos infelizes da violência sobre a saúde física, sexual, reprodutiva e mental das mulheres segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS):

  • Vítimas que sofrem abuso físico ou sexual têm duas vezes mais chances de fazer um aborto, e a experiência quase dobra sua probabilidade de cair em depressão;
  • Em algumas regiões, elas têm 1,5 vez mais chances de adquirir HIV, e existem evidências de que mulheres agredidas sexualmente têm 2,3 vezes mais chances de ter distúrbios com álcool;
  • Mais de 87 mil mulheres foram intencionalmente assassinadas em 2017 e mais da metade foi morta por parceiros íntimos e familiares;  

“Se antes as mulheres podiam sair e ir pra casa da vizinha quando a tensão aumentava, agora elas estão obrigadas a ficar em casa e isso tende a gerar maior desgaste”, diz a socióloga Bruna. 

O isolamento é utilizado por agressores como uma maneira de controle psicológico, para ampliar e manter o poder deles sobre elas, explica Bruna. Com o menor contato da vítima com seus amigos e familiares, reduz as possibilidades dessa mulher a se defender, sair de uma situação de violência, criar uma rede de apoio e buscar ajuda.

Denunciar. Este é o primeiro passo sobre qualquer suspeita ou confirmação de violência, tanto as mulheres vítimas quanto testemunhas possuem essa opção, ok? É importante meter a colher sim em qualquer situação que vida e dignidade das mulheres correm perigo.

Conversando com Bruna, que estuda sobre violência doméstica, ela orientou algumas medidas a serem tomadas e também temos algumas guias:

  • Quando a violência estiver acontecendo, é fundamental acionar a polícia no número 190; Agir no momento de conflito pode salvar a vida de uma mulher, mas cuidado também para não se expor, as denúncias podem ser anônimas;
  • Quando a mulher tem acesso ao telefone, com espaço para usar o telefone longe do agressor, existe a possibilidade de ligar para o 180, que fornece orientações e encaminha a situação para a polícia, mas essa não é uma ação imediata. 
  • Procurar de preferência as delegacias de atendimento especial às mulheres para atendimento especializado. A nomenclatura pode mudar de estado para estados, porém todas recebem estas denúncias.
  • Em alguns Estados a Defensoria Pública disponibilizou números de Whatsapp a disposição para pedir medidas protetivas ou ações relacionadas;
  • Alguns estados possuem a patrulha da Lei Maria da Penha funcionando. No Rio de Janeiro, por exemplo, está vigente o regime de plantão judiciário. 
  • Existem também os aplicativos e sites de combate a violência de gênero. Não servem para fazer direto uma denúncia, mas informam, criam redes de proteção para agir. 
  • O app PenhaS que dá informações sobre delegacias, permite que as mulheres conversem de maneira anônima com pessoas que poderão ajudá-las. E também possui uma função de gravar sons para criar provas, além de uma função de pânico para acionar contatos de confiança para urgências.
  • Outro app é o Mete a colher, que fornece apoio psicológico e jurídico para vítimas. 
  • Mulheres que vivem em comunidades podem criar códigos de aviso na vizinhança entre mulheres e homens ou lideranças locais para denunciar e constranger agressões; 
  • O coletivo Todas Fridas desenvolveram com a SaferNet o projeto Todas Acolhem, que ajuda a reconhecer, denunciar, apoiar as vítimas e buscar ajuda.
  • Recentemente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos também anunciou o app Direitos Humanos Brasil para denúncias diretas contra violências.  

“Todos os tipos de violência precisam ser comunicados, explicados para as mulheres e homens”, orienta a sociologa Bruna. E ela insiste: é fundamental uma ação de educação nesse sentido e também de investimento em equipamentos públicos de apoio às mulheres. 

Fontes: https://nacoesunidas.org/chefe-da-onu-alerta-para-aumento-da-violencia-domestica-em-meio-a-pandemia-do-coronavirus/

https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5669:folha-informativa-violencia-contra-as-mulheres&Itemid=820

É conversando que a gente se respeita

“Quantas pessoas trans tem aqui?”. Agrippina Candido, artista, professora e travesti lança a pergunta para a roda de conversa,  conduzida pela atriz Juliana Alves e promovida pela campanha Ela Decide Seu Presente e Seu Futuro. O questionamento, na real, é para toda a sociedade que deve fazer reflexões que levem ao respeito à diversidade e às causas da população LGBTQI+.

Precisamos enfrentar os preconceitos em todas as esferas, sobretudo as básicas, como cuidados com a saúde das mulheres, de todas as mulheres. Essa é a letra dada pela poeta Letícia Brito. Profissionais da área devem investir em saberes que englobam ciência e ampliar conhecimentos sobre direitos humanos. Nenhuma mulher deveria ser atendida de maneira discriminatória. No consultório ginecológico, por exemplo, será que todas se sentem amparadas e atendidas em suas demandas?

“Até que pontos essas violências não interferem na nossa autoestima e no nosso poder de decisão?”, pergunta a atriz Juliana Alves. A resposta leva a vários lugares, a começar pelo ambiente doméstico. A cantora Dona Karol recorda de um episódio que envolveu sua mãe e muitas mulheres não conseguem romper o ciclo da violência. Elas devem ser apoiadas não julgadas. Há vários motivos pelos quais essas mulheres seguem com parceiros, como o sustento dos filhos e delas próprias.

O exercício do diálogo e da escuta é transformador. O entendimento dos nossos direitos e as possibilidades das nossas escolham passam pela informação. Ela é a chave para a transformação que queremos. Dona Lanor, também do grupo Donas, espera que esses debates sobre preconceito e violência cheguem às jovens mulheres, presencialmente ou via internet, em ambientes de maior vulnerabilidade, como as favelas, comunidades e periferias. Dê o play no vídeo, reúna as amigas, apoie todas as mulheres! Vamos juntas!

Em caso de violência, a quem devo recorrer?

Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – Ligue 180 – Serviço de utilidade pública gratuito e confidencial (preserva o anonimato). O canal é oferecido pela Secretaria Nacional de Políticas desde 2005.

Delegacia da Mulher – Concentram-se principalmente em grandes cidades, mas vale a pena se informar se há unidades em seu município.

Centros de Referência e/ou Cidadania – Em muitos municípios há centros de referência que atendem mulheres em situação de violência. Algumas têm acolhimento especialmente desenvolvido para mulheres trans. Os nomes dos equipamentos podem variar de acordo com o localidade. Procure saber como é onde você mora.

 

Rede de apoio na maternidade!

 

Josimar Silveira e Adriana Arcebispo são pais do Akins e da Dandara

Se liga nesse cuidado para toda a vida!

Desde o momento da gravidez são muitas as questões que envolvem a maternidade. As mulheres que atravessaram as aventuras da primeira viagem garantem: é um turbilhão de emoções e sentimentos. As experiências de cada uma são únicas e, por isso mesmo, compartilhá-las pode ser uma forma de se construir pontes num mundo que, às vezes, parece cheio de barreiras.

Talvez você tenha ouvido falar em rede de apoio e, certamente, você recebeu esse cuidado um dia. A avó, mãe, pai, tio, tia, madrinha, a irmã que acompanham os dias mais sensíveis, especialmente depois do parto. A melhor amiga, a prima, a vizinha que mandam uma mensagem com uma dica valiosa.

Planejando a rede de apoio

Michele e Bruno Passa são pais da Zahara

A Michele e o Bruno Passa, que são pais da Zahara, planejaram a rede de apoio de maneira quase simultânea à gestação. Como as famílias dos dois moram longe, o apartamento foi tomado pelo cuidado das avós durante uma temporada. Atualmente, a distância é minimizada com a ajudinha da tecnologia, já que o casal faz chamadas por vídeo para que a pequena mantenha as referências das avós. “Esse apoio emocional da nossa família é primordial”, destaca Michele, professora e influenciadora digital.

Responsabilidade compartilhada

No dia a dia a sintonia do casal fortalece os cuidados com Zahara. “As pessoas próximas brincam que somos uma dupla. Perguntam: ‘você acorda de madrugada também?’.  Respondo que não é uma ajuda, que é a paternidade e que quero dividir com ela todos os momentos”, conta Bruno, que é oceanógrafo. Ao contrário do que se pode imaginar, Michele e Bruno não desenvolveram uma planilha para partilhar responsabilidades. Conversar, contar como se sente, expor para a outra pessoa dúvidas, inseguranças e medos ajuda. Você não tem que dar conta de tudo sozinha e não precisa.

Os pais de Akins e Dandara, a assistente social Adriana Arcebispo e o metroviário Josimar Silveira, que dividem um perfil no instagram voltado para suas vivências familiares, têm a sorte de contar com uma rede de apoio ampla. As tarefas em casa são divididas. Eles têm o suporte da mãe de Adriana, que passa um dia na semana com os netos, e dos amigos. A construção da rede de apoio permite que eles realizem diversas atividades com as crianças, juntos e também respeitando suas individualidades. Esse é um ponto muito importante: ir ao salão para fazer as unhas ou sair para tomar sorvete com as amigas pode e deve continuar sendo algo que lhe dê prazer.

Josimar lembra que neste ano, quando a esposa teve um problema de saúde, muita gente se dispôs a ajudar com os filhos do casal. “Eu pude cuidar dela tranquilamente porque tinha gente levando e buscando na escola, brincando com eles. Essa rede nos dá a sensação de acolhimento, de que não estamos sós”.

Acionando amigos e amigas

Danielle Bueno de Freitas é mãe da Teresa e do João

Depois de conversar em casa, está na hora do papo com os amigos mais próximos, mesmo os que não têm filhos e filhas. Essa é a dica da Danielle Bueno de Freitas, produtora e mãe do João e da Teresa. “A maternidade é linda, porém pode parecer solitária. As mães lidam de forma muito particular com essa demanda que é grande: amamentar, acordar de madrugada, estar o tempo todo cuidando do bebê. Eu acho que os amigos têm um papel fundamental quando se dispõem a estar presentes. Bom lembrar que aquela mãe continua sendo sua amiga divertida, que gosta de rir e conversar”.

Se sua melhor amiga não consegue segurar um recém-nascido, relaxe. Ela pode ir ao supermercado comprar frutas que não podem faltar na sua geladeira durante a amamentação e até dar um spoiler da série favorita, que você não terá tempo de assistir, mas que vai curtir saber mais sobre a trama. “Meus amigos são muito presentes. Sou mãe de um menino especial (João tem autismo) e que ama arte e eles sempre indicam oficinas e exposições, como as de grafite, que ele adora”, afirma Danielle.

Também tem espaço para grupos nas redes sociais

Telma Bueno Pimentel é mãe de Nina, Gael e Lola

“Toda ajuda é bem-vinda porque o momento é muito legal, mas a gente não sabe de muita coisa, principalmente quando nasce o primeiro filho”, explica a gerente de marketing Telma Bueno Pimentel, mãe de Nina, Lola e Gael. Movida pela vontade de colaborar com mães e pais ao seu redor ela criou uma rede de apoio em forma de grupo de Whatsapp, do qual participam amigos próximos e alguns vizinhos.

A cooperação passa por dicas para ajudar nos desafios dos primeiros dias e meses do bebê, por cuidar de uma criança do apartamento ao lado, por buscar a turminha na escola se os pais ficaram presos no trânsito, por exemplo, e até por ceder uma xícara de farinha quando o ingrediente faltou. “O senso de viver em comunidade, de se ajudar é fundamental, ainda mais num mundo que está muito digital e, às vezes, solitário”, relata Telma.

Já pensou em montar uma rede de apoio assim? É um ótimo jeito de usar uma ferramenta on-line para o bem, para se ajudar e ajudar outras mães, pais e crianças.

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@familiaquilombo

O que é um corpo saudável e como cuidar dele?

A ideia de um corpo saudável é, geralmente, associada à imagem de um corpo que está dentro de (rígidos) padrões estéticos. Mas a saúde da mulher acaba sofrendo com essas determinações. O ideal é chegar a um equilíbrio entre saúde e bem-estar com o próprio corpo.

 

Quantas vezes você já se pegou em frente ao espelho, após o banho, antes de se vestir e saiu questionando a beleza do seu corpo? O processo é o mesmo: olha aqui, puxa ali, amassa o quadril de um lado, aperta a cintura de outro, como se estivesse moldando a própria silhueta com as mãos: “meus seios poderiam ser mais em pé”, “preciso malhar mais um pouquinho…”.

Essa rotina pode ser bem comum. Mulheres vivenciam pressões sociais que as fazem ter relações muito rígidas com próprio corpo: é difícil encontrar uma mulher que não queira perder dois ou três quilos.  E esse diálogo interno de exigência estética pode afetar a noção de saúde que se tem com o próprio organismo.

O que acontece com muitas mulheres, por sofrerem essa pressão estética, é a falsa noção de que, ao se aproximarem desse ideal de beleza acharem que seu corpo está saudável. No entanto, é muito importante ressaltar: um corpo adequado a um padrão de beleza não é necessariamente um corpo saudável.

Como saber, então, se a saúde do corpo está em dia? Quais hábitos devem ser cultivados em frente ao espelho e intimamente – muito além do estica-e-puxa diário a fim de resgatar a beleza interior e não ter que se encaixar em um padrão? 

 

O que é um corpo saudável?

A saúde do corpo está intimamente ligada ao autocuidado. E isso quer dizer um pouco mais do que estar à vontade com o próprio corpo. Para manter a saúde do seu corpo, antes de tudo, você deve conhecê-lo. E isso vai além de olhar o corpo no espelho para ver se ele agrada esteticamente.

Para que a sua saúde esteja em dia, todos os seus órgãos internos do seu corpo devem funcionar propriamente, sem doenças que possam acometê-lo. No caso da mulher, algumas áreas do corpo devem receber atenção especial: os seios, o útero e os ovários, por exemplo. Se você não tem plena consciência do seu funcionamento saudável, consegue perceber facilmente os sinais caso estejam precisando de mais cuidados. A saúde do corpo feminino passa por investigar o aparelho reprodutor por ele ser não aparente. No artigo Aparelho Reprodutor Feminino: você conhece o seu? você consegue ter uma noção bem clara sobre isso. 

 

Sabe a máxima “Corpo são, mente sã”? Pois é: um depende do outro. Conheça os limites do seu corpo, a forma que ele tem e respeite-o. Ao conhecer o seu histórico de saúde, aderir a exames de rotina e aceitar as suas próprias características, você começa uma nova relação mais saudável com a sua própria imagem e com o seu corpo. 

Ao aprimorar seu autocuidado, fica mais fácil de acompanhar as transformações e observar quando há algo de errado, como prevenir-se de doenças de todos os tipos, mesmo aquelas que têm tratamento de longo prazo como cânceres de mama e de colo do útero, por exemplo.

 

Como cuidar da saúde do seu corpo da mulher?

Seu corpo dá sinais. E você precisa ficar atenta para percebê-los, até mesmo para saber relatar o que está acontecendo com você a um profissional, que é quem vai cuidar da sua saúde com mais detalhes.

Como cuidar dos seios:

Os seios são a parte do corpo da mulher que desenvolve-se durante a puberdade, que ficam mais evidentes na silhueta. As mamas, muito mais do que uma área em que a maioria das mulheres identificam como zona de prazer, são também um local de desenvolvimento de diversas doenças, se não cuidadas e tratadas.

Muitas mulheres relatam dores nos seios, em momentos diferentes da vida. Chamadas de mastalgia, essas dores podem ser, ou não,  sintoma de alguma doença. Durante a puberdade, são comuns e alguns corpos podem reagir bem com uma simples aplicação de água morna e uso de um sutiã com boa sustentação. Dores constantes devem ser sempre relatadas a um profissional de saúde.  

Os hormônios podem ser grandes causadores da mastalgia: durante a menstruação e gravidez, as mamas podem doer bastante – no primeiro caso a pílula anticoncepcional pode ajudar (um médico deve ser sempre consultado), e no segundo caso, banhos com água morna podem aliviar. No caso de dores durante o uso de anticoncepcionais, seu médico deve ser avisado imediatamente (pois pode indicar uma reação ao remédio). 

Raramente cânceres causam dores nos seios, mas é muito importante ficar atenta a outros sinais como secreções saindo pelo mamilo e depressões na mama, que podem indicar inflamações na mama. É muito importante que você faça o autoexame e vá ao ginecologista para fazer check-ups

Tocar diariamente nas mamas durante o banho e observá-las é uma maneira eficaz de prevenir doenças como câncer, pois você passa a conhecer o formato da mama através do toque. Estudos apontam exercícios físicos ajudam na prevenção  também. Evitar álcool, beber bastante água e ter uma boa alimentação, além de conhecer os antecedentes familiares sobre câncer também ajudam na prevenção.

 

Como cuidar do útero

Antes de tudo, o útero é um órgão interno, ou seja, assim como os ovários, por não estarem expostos, tratam-se de uma área mais delicada à detecção de qualquer alteração. Por isso, é muito importante estar atenta a sintomas.

O útero é o órgão que recebe o óvulo fecundado em caso de gravidez e é onde, também, fica o endométrio, um tecido que recebe o óvulo – é a descamação do endométrio que faz você menstruar. O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer com maior taxa de mortalidade no Brasil. A incidência está associada ao HPV, uma IST que acomete a grande maioria das mulheres sexualmente ativas no país.

Proteja-se, sempre! A proteção com contraceptivo de barreira (camisinha) durante as relações sexuais é, muitas vezes, vital. E optar por proteger-se demonstra o quanto você se preocupa consigo mesma e com a saúde do seu corpo.

 

Saiba mais sobre como ISTs podem afetar a saúde do seu corpo no artigo Aparelho Reprodutor Feminino: como protegê-lo das Infecções Sexualmente Transmissíveis.

 

Como cuidar dos ovários

Os ovários são glândulas onde são produzidos os óvulos, que, quando fecundados por um espermatozóide, dá início ao processo de gravidez. A saúde dos ovários  – ou a falta dela – está ligada a hábitos e características do organismo.

O câncer dos ovários está relacionada a fatores hereditários, obesidade e até ao consumo de contraceptivos orais – por isso todo o processo de administração deste medicamento deve ser acompanhado por uma ginecologista.

 

Saiba mais sobre a consulta ginecológica no artigo Chegou a hora da consulta ginecológica, e agora?

 

Corpo bonito é corpo com saúde


Saiba que a beleza do corpo, o padrão estético que o corpo feminino segue é muito subjetivo: a barriga negativa, a quantidade de gordura corporal, a magreza, entre outros aspectos que respondem somente a imagem que você vê no espelho, não devem ser o seu guia para cuidar da saúde do seu corpo. 

Mantenha hábitos saudáveis como alimentar-se adequadamente, fazer exercícios físicos regulares  e, para a saúde do aparelho reprodutor, ir sempre ao ginecologista. Observe seu corpo e as suas reações, muito além da estética e da beleza-padrão que foi estabelecida.

Um corpo bonito é um corpo que está cheio de saúde apto a ser uma ferramenta de sociabilização, prazer, e relacionamento saudável. 

Conheça e preserve seu corpo. Ajude outras mulheres a fazerem o mesmo: compartilhe essas informações com suas amigas, irmãs, mães, tias, primas. Saúde do corpo da mulher: #ElaDecide

Ser mulher nos dias de hoje é…

Essa é a hora de pensar o papel da mulher na sociedade e mais uma vez conquistar os espaços que queremos ocupar

Para você, o que é ser mulher nos dias de hoje? Talvez não seja tão simples responder assim, de imediato, mas fica mais fácil se você refletir sobre seus principais desafios, lutas e conquistas diárias.

Durante anos se tentou definir o que seria um comportamento esperado de uma mulher: ser o sexo frágil, maternal, sensível? E se antes a mulher tida como moderna era aquela que dominava os eletrodomésticos como ninguém, hoje ainda há quem a aponte como a profissional antenada, que dá conta das tarefas domésticas, educa bem os filhos e está sempre disposta, bonita e com um sorriso no rosto. Afinal de contas, o que mudou?

Você está hoje onde gostaria?

Nem sempre o lugar destinado a uma mulher é o espaço que ela deseja ocupar. Conquistar um território, ainda mais se for predominantemente masculino, exige que esse espaço seja construído por ela.

Por exemplo, existe praticamente um senso comum de que mulheres não entendem de política, futebol ou tecnologia.

Mas esse é um quadro que é possível mudar a partir do momento que a mulher conhece seus direitos. A Copa do Mundo na Rússia está aí para mostrar isso: as protagonistas foram as jornalistas que não se calaram perante o assédio sexual e fizeram história na imprensa esportiva. Algumas emissoras escalaram mulheres para narrar e comentar os jogos de futebol no mundial.

Muito se fala em igualdade feminina no mercado de trabalho, por exemplo, mas isso só se torna realidade quando existem iniciativas para reduzir as desigualdades entre homens e mulheres. Hoje, grande parte das empresas brasileiras ainda ignora esse tema, sem perceber que adotar políticas internas de diversidade – sejam elas de gênero, raça ou qualquer outra – são fundamentais para empresas que queiram se manter atuais.

Para começar, é importante assegurar que as diretrizes voltadas para o empoderamento das mulheres passem de fato a integrar a cultura institucional da empresa. E algumas formas de fazer isso acontecer são por meio do:

  • Compromisso real da liderança da empresa com programas de diversidade de gênero, com o estímulo também à liderança feminina;
  • Entendimento da raiz do problema, isto é, assumir que a desigualdade entre homens e mulheres existe na empresa e trabalhar nisso, o que inclui programas de planejamento de carreira e também ações de prevenção ao assédio no ambiente de trabalho;
  • Estabelecimento de uma cadeia produtiva socialmente responsável, que implemente ou apoie financeiramente programas de inclusão e promoção dos direitos das mulheres nas empresas. Por exemplo, incentivar a atuação externa de mulheres em outros estados e países;
  • Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal das colaboradoras mulheres. Hoje, por exemplo, o número de homens que têm mais de um filho e estão em cargos de liderança é maior do que o de mulheres com apenas um filho que ocupam cargos executivos. Muitas profissionais se tornam mães justamente no momento em que estão definindo suas carreiras e é aí que as empresas resolvem deixá-las para trás.

A diversidade de gênero só acontece na prática se existirem iniciativas transparentes e focadas em resultados. Esse compromisso deve existir por uma razão ética e pelo reconhecimento de que as mulheres merecem oportunidades iguais.

Cada mulher responderá de forma diferente, de acordo com suas lutas diárias, histórias e vivências sobre o que é ser mulher. O que é importante saber é que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive se ela decidir ficar em casa e ser mãe em tempo integral. Nenhuma profissão ou atividade é exclusiva de um gênero, e o papel que uma mulher representa na sociedade é definido por ela durante o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Reflita sobre o seu espaço, e não esqueça: você não está sozinha. #Eladecide

 

Intolerâncias de um universo desigual

Machismo, sexismo e misoginia, é preciso entender para poder mudar.

A fama do Brasil é de ser um país que tem um povo hospitaleiro e cordial, tolerante às diferenças de cor, religião, nacionalidade, gênero, orientação sexual, idade e ideologia. Mas será que somos mesmo tolerantes?

Basta assistirmos aos noticiários ou observamos ao redor para constatarmos que, de fato, o nosso país não está livre de preconceitos. E é no ambiente virtual que muitas pessoas aproveitam para apoiar, referendar e dar voz às opiniões de xenofobia, racismo, homofobia, sexismo, misoginia e machismo, dentre muitas outras carregadas de intolerância e não aceitação das outras pessoas.

Se por um lado o debate público envolve as questões dos direitos e conquistas das mulheres, por outro há uma cultura que reforça os estereótipos do comportamento masculino, tendo o homem como dominante, um ser viril e provedor.

Embora os termos sexismo, misoginia e machismo, sobretudo este último, tenham ganhado grande popularidade, eles ainda geram algumas confusões sobre seus conceitos e significados. Por isso,  precisamos explicar cada um deles e suas influências sociais.

O que é sexismo?

Sexismo é a discriminação e objetificação de cunho sexual baseadas no sexo/gênero/orientação sexual. Na maioria das vezes, as ações sexistas são contra mulheres, homossexuais e transgêneros, o que não significa que as mulheres, homossexuais e transgêneros não ajam também de maneira sexista, em alguns casos.

Além disso, o sexismo está presente nas definições de comportamentos padrões por gênero. Por exemplo, quando se pensa em piloto de avião, a imagem associada é de um homem, e imaginar uma mulher exercendo a mesma função causa estranhamento. Isto é uma ação sexista, mesmo que inconsciente, seja ela vinda de um homem ou de uma mulher. Se buscarmos a perspectiva oposta, podemos tentar imaginar com naturalidade homens à frente de uma empresa de cosméticos. Toda essa conceituação estereotipada é sexista, e em maior ou menor gravidade se eternizam no (in)consciente coletivo da sociedade.

Quando se trata do sexismo no ambiente virtual, vemos maiores proporções. Em 2013, Kate Middleton deu à luz o primeiro filho, George, e, ao sair da maternidade, a Duquesa de Cambridge usou uma roupa que não escondia a barriga pós-parto. Nas redes sociais, recebeu uma enxurrada de críticas e comentários negativos a respeito do “descuido”.

Esperavam de Kate um ideal de perfeição inexistente no mundo real.

O que é misoginia?

Essa palavra tem tido popularidade, principalmente nas redes sociais, mas o que ela quer dizer?

Misoginia é aversão, repulsa, antipatia às mulheres e tudo aquilo tido como feminino.

Dito isso, vamos esclarecer um fato: misoginia não está diretamente relacionada à orientação sexual. Um homem misógino não é necessariamente gay, afinal o homem gay apenas não tem desejo, não se atrai por mulheres.

O comportamento do misógino é voltado para a inferiorização, depreciação, ridicularização e humilhação das mulheres, assim como aos sentimentos e características que a elas possam ser remetidos (sensibilidade, compreensão, etc). Vejamos: se uma mulher age de maneira ilícita e desvia dinheiro da empresa na qual trabalha, o misógino a xingará de vagabunda, vadia, cachorra e entre outros adjetivos que atingem apenas as mulheres. Ele não a chamará de ladra, falsa ou desonesta. Para ele, o que a desqualifica, antes de mais nada, é a condição de mulher.

Lembra, quando em 2013 o apresentador Danilo Gentili fez uma “piada” sobre Michelle Maximino, a mulher que doou mais de 300 litros de leite materno em Pernambuco? Em uma única frase ele ridicularizou a mãe, a amamentação e a doação de leite – atributos específicos das mulheres. O que o humorista considerou engraçado não passou de uma atitude completamente misógina e pouco solidária (depois do episódio, Michele passou a ser chamada de vaca em sua cidade). O que se viu ali foi o reforço de um preconceito e uma significação pejorativa de um gesto feminino e, sobretudo, humano.

E o machismo?

Literalmente, o machismo é a qualidade, o comportamento natural de macho (homem). Em sentido mais amplo, contextualizando o termo aos dias de hoje, o machismo é a ideologia da supremacia masculina, na qual se baseiam os pensamentos, as atitudes, os valores e costumes daqueles que acreditam ser superiores às mulheres e ao que elas representam.

Crescemos em um sistema patriarcal que privilegia o masculino e não valoriza o feminino. Por isso, não é de se estranhar que grande parte dos homens (e mulheres também) não aceite e/ou entenda os malefícios gerados pela cultura machista.

Muitos casos de violência, assédio morals e sexual, situações vexatórias e constrangedoras começam a partir da legitimidade social de um comportamento machista. No ambiente de trabalho, por exemplo, são inúmeros os relatos de mulheres que já vivenciaram “brincadeiras” constrangedoras de cunho sexual feitas por chefes e colegas com os quais não possuíam intimidade para tanto. No episódio recente do grupo de brasileiros que assediou a mulher russa, quantas pessoas não viram o fato apenas como uma diversão e consideraram a repercussão exagerada?

Essas pequenas atitudes machistas no dia-a-dia – como as piadas, as aproximações inadequadas etc – criam um caldo de cultura permissivo que favorece outras ações machistas de maior gravidade, como o assédio sexual, o estupro e outras formas de violência contra a mulher.

Agente transformador

O debate sobre sexismo, misoginia e machismo é necessário, não é modinha. Ele é fundamental para que se alcance a igualdade de gêneros e desconstrução de estereótipos. Homens e mulheres tendem a ganhar profissionalmente, pessoalmente e emocionalmente.

Ações educativas podem ajudar os homens a aceitarem e respeitarem a presença feminina, assim como ajudar mulheres a ter o controle total sobre as próprias decisões, sobre aquilo que consideram melhor para elas, seja qual for o aspecto da vida.

Vamos fazer a mudança acontecer. Você não está sozinha! #ElaDecide

Empoderamento, feminismo e sororidade: elementos fundamentais da integração feminina

No universo das mulheres, conceitos novos e aqueles já conhecidos são a base de uma conectividade capaz de fortalecer e redefinir, sem julgamentos ou pré-conceitos, as relações femininas interpessoais.

 

Ela já teve o status de modinha, coisa passageira e até sinônimo de “mimimi”, mas a verdade é que sua significância vai muito além do próprio significado. A palavra empoderamento é nova, foi incorporada ao nosso vocabulário, está nos dicionários e traz com ela não apenas a ideia de “dar poder a uma minoria”. Carrega o desejo de mudança, de redução da vulnerabilidade, a força de quem acredita nas próprias habilidades, e, sobretudo, carrega a determinação para alcançar um desenvolvimento humano que prime pela equidade e alcance a capacidade de exercitar plenamente os direitos individuais.

Quando levada ao universo feminino, o termo ganha ainda mais poder, pois a luta das mulheres por representatividade, igualdade e liberdade não é algo novo. Historicamente, a participação feminina no clamor por mudanças e equiparação nasceu de um viés trabalhista em meados dos anos 1900, mas que ao longo das conquistas foram se estendendo para os demais segmentos, como político, social e familiar. E com o passar do tempo, ganhou muito mais representatividade.

Atualmente, muitas mulheres e grupos feministas têm feito uso do espaço social (físico e virtual) para abordar, debater, informar, esclarecer temas como discriminações de gênero, liberdade sexual, alertar e denunciar sobre violências e abusos psicológicos, físicos e sexuais, que atingem mulheres de todas as idades e classes sociais.

É diante de um contexto complexo e desfavorável para as mulheres que se destaca a importância da sociedade refletir e discutir feminismo, empoderamento e sororidade.

Nem sempre a relação entre estes três aspectos é bem compreendida. Há quem acredite que se trata de vitimismo feminino, não reconhece – existem ainda aqueles que fazem questão de não reconhecer – as disparidades entre direitos, privilégios e notoriedade dos universos masculino e feminino. Pois bem, afirma-se, sem medo de errar, que os três vieses caminham juntos em busca de uma sociedade mais inclusiva e igualitária.

O feminismo não tem a intenção de se colocar em supremacia em detrimento do homem, as suas causas e lutas buscam promover o acesso às mesmas oportunidades sociais, políticas e profissionais, sem que para isso seja preciso a mulher vivenciar algum tipo de opressão.

Agora, para falar sobre sororidade, antes de mais nada é preciso entender o significado e o valor que esta palavra, ainda estranha e desconhecida para muitas pessoas, possui. Sororidade vem de “soror”, que significa “irmã” em Latim. A ideia está ligada ao apoio, acolhimento, companheirismo, empatia e união entre as mulheres.

O que esperar de mulheres que praticam a sororidade?

Empoderamento feminino e sororidade se completam. Ou melhor, eles coexistem, não há como desvincular um do outro, pois uma mulher que luta por direitos iguais também acolhe, apoia e dá forças àquela em situação de opressão, medo, abuso e discriminação.

Quem pratica a sororidade não vê outra mulher como inimiga. Não se trata aqui de ser a melhor amiga de toda e qualquer mulher, mas de transpor um conceito de que mulheres estão sempre disputando o mesmo espaço, de que precisa ser melhor e superar a outra.

A sororidade e o empoderamento feminino têm um caráter transformador. Por meio deles, onde há a troca de experiências e uma mulher se vê na outra, é possível desenvolver mais rapidamente a capacidade de dizer não a situações abusivas, denunciar comportamentos indesejados, reconhecer relacionamentos tóxicos e destrutivos, além de se permitir conhecer o próprio corpo sem vergonha ou sentimento de culpa, conquistar o autoconhecimento, a liberdade e o poder de decisão sobre si mesma.

Outra (boa e importante) consequência da sororidade é poder servir como uma ponte para que mais mulheres possam ter acesso a informações sobre vida sexual saudável; tenham também a oportunidade e o entendimento do que é um planejamento reprodutivo, para decidirem se querem ou não vivenciar a maternidade, e se quiserem, escolher qual o momento ideal para que isso aconteça; conhecer e optar por métodos contraceptivos que forem mais convenientes, de acordo com o ritmo e estilo de vida que levam.

Ainda há muito juízo de valor, ideias e preconceitos a serem desenraizados da sociedade e da própria opinião feminina. A prática da sororidade pode contribuir para que isso aconteça.

Você não está sozinha. Juntas somos mais fortes! #ElaDecide

Como ser mãe e estudar ao mesmo tempo

Muitas meninas e mulheres conseguem enfrentar o preconceito e outros obstáculos para não abandonar os sonhos de estudo depois da maternidade

Toda mulher tem direito à educação, qualquer que seja a sua idade ou classe social. E isso inclui poder  decidir sobre a sua escolaridade também quando ela se torna mãe.

No nosso país, grande parte das mulheres engravida sem a intenção de ficar grávida naquele momento – cerca de 30%, segundo a pesquisa Nascer no Brasil, da Fiocruz. E, segundo o Ministério da Saúde, 18% de todos os bebês que nascem no país são filhos e filhas de mães com 19 anos ou menos.

Além dos jovens iniciarem a vida sexual cada vez mais cedo – entre 13 e 17 anos -, as adolescentes têm mais chances de engravidar na primeira vez, por ainda terem pouca informação sobre os métodos contraceptivos, como usá-los e como lidar com as mudanças do próprio corpo.

Segundo o IBGE, hoje uma das principais causas da evasão escolar no Brasil é a gravidez na adolescência. Por não conseguirem conciliar os estudos e a criação do filho, ou terem que lidar com o preconceito de colegas e professores, muitas meninas acabam adiando a formatura.

O que poucas dessas jovens sabem é que a lei 6.202, de 17 de abril de 1975, permite que as mães adolescentes possam estudar em casa, com direito a material didático, do 8º mês de gravidez até o 3º mês do bebê.

A chegada de um filho não deve ser o término de um sonho. Estando bem informada sobre as suas possibilidades e direitos, é possível buscar soluções para equilibrar os estudos e a maternidade.

Dicas para voltar a estudar após a gravidez

Não há dúvidas de que tanto a escola como a universidade exigem esforço e dedicação, principalmente quando você precisa dividir a atenção com a chegada de um bebê. Mas, planejando bem, muitas meninas e mulheres conseguem conciliar a vida de estudante e de mãe. Você não está sozinha! Confira algumas dicas para se programar:

  • Muitas mães adolescentes e jovens não recebem qualquer apoio de suas famílias, amigos e do próprio pai do bebê. Vulneráveis às diversas expressões de preconceito – que vão desde a expulsão de casa até as mensagens subliminares do dia a dia, essas mulheres frequentemente se sentem diminuídas, culpadas e impotentes. Lembre-se que você é uma pessoa única, cheia de potencialidades e talentos. Procure a ajuda de todas as suas possíveis redes de apoio, como familiares, amigas(os), comunidade e outras jovens passando pela mesma situação para se fortalecer emocionalmente.
  • Antes de voltar aos estudos, converse com o diretor(a) da sua escola ou coordenador(a) do curso para entender como a instituição de ensino pode te apoiar a dar continuidade aos estudos. Combine com os professores também os horários que precisará amamentar, as idas a consultas e reposições de aulas. Se a escola não estiver aberta a se adaptar às suas necessidades de mãe, lembre os(as) gestores(as) sobre a legislação que lhe garante o direito de estudar e busque o apoio de outras instâncias da escola, como as associações de pais e mestres, ou mesmo de um(a) professor(a) que compreenda melhor a sua situação. Se esses esforços tampouco surtirem efeito, busque a Defensoria Pública para fazer valer o seu direito à educação.
  • Procure alguém que possa ficar com o seu filho ou filha no horário das aulas ou levá-lo até você. Esta opção muitas vezes pode ser difícil ou custosa. Acione todas as redes com a qual você puder contar e lembre-se que o pai da criança também tem a obrigação de prover por ela.
  • Um dos papéis do pai da criança durante e após a gravidez é dar o apoio necessário à mãe para que ela consiga retomar à sua rotina. Não hesite em pedir que te apoie nesse momento. Lembre-se que, se ele recusar lhe apoiar financeiramente, você pode pedir que a Justiça o obrigue. Procure a Defensoria Pública para conhecer e fazer valer os seus direitos.

A educação também é uma forma de empoderamento feminino e buscar a realização dos seus sonhos é importante para manter a sua autoestima e os planos que traçou para si mesma. Ainda que você tenha se tornado mãe antes do momento que desejava, é seu direito ter acesso ao conhecimento que lhe permita decidir se deseja ou não engravidar novamente, quando e quantos filhos ter, refletir desde cedo sobre planejamento reprodutivo, e qual o melhor método contraceptivo para você.